Os Tesouros Corporativos Estão Agora a Reter $137B em Criptomoedas — Eis o Que Mudou Tudo

De experiência de nicho a nova queridinha de Wall Street, a empresa de Tesouraria de Activos Digitais (DATCo) completou uma reviravolta em 5 anos. Só até ao final de Outubro deste ano, o volume de activos criptográficos destas empresas já atingiu 137,3 mil milhões de dólares, duplicando desde o início do ano (+139,6%).

De 4 para 142: explosão exponencial

Antes de 2020, apenas 4 empresas detinham criptoactivos como tesouraria. Agora? 142. Só em 2025 já há mais 76 novas empresas. Isto deixou de ser um jogo exclusivo das empresas de mineração — cada vez mais empresas tradicionais começam a comprar BTC e ETH para se proteger da inflação e do risco de desvalorização monetária.

O ponto de viragem desta mudança é claro: depois de, em 2023, o Financial Accounting Standards Board dos EUA permitir que as empresas avaliem criptoactivos pelo justo valor e registem os ganhos/prejuízos no balanço, o capital institucional de Wall Street entrou em massa. A postura pró-cripto do governo Trump e a força contínua do BTC aceleraram ainda mais este processo.

Quem está a comprar em força? E quanto?

Este ano, as DATCo investiram um total de 42,7 mil milhões de dólares em criptoactivos, mais de metade concentrados no 3.º trimestre. Só no terceiro trimestre entraram 22,6 mil milhões, dos quais 10,8 mil milhões foram para tesouraria em altcoins.

O BTC é claramente dominante — dos 30 mil milhões comprados este ano, 70,3% foram BTC. O ETH ficou em segundo, com 7,9 mil milhões no total, dos quais 7,1 mil milhões foram adquiridos em Agosto, quando o ETH atingiu os 5.000 dólares.

Geograficamente, os EUA lideram com 60 DATCo (43,5% do total), Canadá tem 19 e a China 10. Curiosamente, o Japão tem apenas 8 empresas, mas a Metaplanet já é a 5.ª maior DATCo do mundo, a maior fora dos EUA.

O retrato real da alocação de activos

Das 142 DATCo, 113 detêm BTC (a escolha mais segura), apenas 15 têm ETH e 10 detêm SOL. Em valores de dólares, o BTC representa 82,6% do total em carteira das DATCo, ETH 13,2% e SOL apenas 2,1%.

O ranking diz muito: a MicroStrategy sozinha detém 7,07 mil milhões de dólares, cerca de 50% do total do sector. Segue-se a BitMine Immersion, que tem mais ETH (2,75% do fornecimento global), e em quinto lugar está a Forward Industries, que detém principalmente SOL (1,25% do fornecimento total de SOL).

Um pormenor interessante — entre as 15 maiores DATCo, só 3 são empresas tradicionais de mineração, 7 são DATCo puras e 5 têm negócios principais não relacionados mas acumulam cripto. O que isto mostra? Ter criptoactivos já é uma estratégia financeira empresarial mainstream, não exclusiva do sector mineiro.

Os riscos por trás do boom

Ao nível das acções, muitas DATCo viram subidas extremas nos 10 dias após anunciarem a mudança de estratégia. O caso mais extremo é a BitMine Immersion (+3069%), mas logo depois seguiu-se um crash — algumas empresas caíram 71% ao fim de 44 dias.

A SEC e a FINRA já estão a investigar este tipo de operações e o debate sobre insider trading está a crescer. Por detrás do entusiasmo do mercado, o risco regulatório está a aumentar.

O que isto significa

O fenómeno DATCo reflecte essencialmente uma reavaliação institucional do valor a longo prazo dos criptoactivos. Desde que as normas contabilísticas dos EUA permitem a avaliação ao justo valor, deter BTC e ETH deixou de ser “aposta” e passou a ser uma opção normal de alocação de activos. Com a pressão inflacionista e limitações das políticas monetárias tradicionais, mais empresas irão seguir esta tendência.

Mas é preciso ver: isto é um jogo de investidores institucionais, não de retalho.