Nas dinastias da China, por que aqueles imperadores ambiciosos frequentemente deixaram uma marca profunda na história por meio de guerras, expansões, construção de grandes obras ou com modos de vida de excessos e tirania, mas raramente alguém se destacou por "fazer o povo feliz"? A razão mais central é que, na estrutura do império chinês, o "povo" é fundamentalmente visto como um recurso produtivo dos governantes, e não como um sujeito político.

Uma vez que o "povo" é um meio de produção, seu valor se reflete mais na capacidade de ser mobilizado, tributado e administrado, e não na própria felicidade de suas vidas. Para as classes privilegiadas, a felicidade dos meios de produção não constitui um objetivo político, nem traz diretamente benefícios de governança. Pelo contrário, a "felicidade do povo" como um critério de avaliação do mérito do imperador, reforça a subjetividade dos meios de produção e, por sua vez, enfraquece a suprema autoridade do governante. Assim, os livros de história oficiais tradicionais naturalmente não considerariam isso como a principal narrativa ou o núcleo da avaliação de méritos.

Em contraste, a guerra e a grande construção são mais compatíveis com a lógica do império - possuem alta visibilidade (facilitando a propaganda e a construção de prestígio), alta extração (capazes de reforçar o poder central) e alto retorno imediato (resultados a curto prazo). Essas ações podem rapidamente se transformar em legitimidade do domínio, ou pelo menos aumentar o prestígio do governante entre as elites, e sua memória histórica, portanto, é mais facilmente registrada, ampliada e transmitida.

Assim, em um sistema político baseado em um regime extrativo, a "felicidade do povo" não é, de fato, um indicador proeminente para avaliar o imperador; em vez disso, grandes projetos que podem ser exibidos, mobilizados e que concentram recursos, bem como ações militares, são o modelo de realizações que a máquina imperial mais se empenha e que mais facilmente deixa marcas nos registros históricos.