

A criptografia constitui um dos alicerces essenciais da segurança digital contemporânea e é a base tecnológica que viabiliza comunicações seguras e proteção de dados numa sociedade cada vez mais interligada. Com a evolução e expansão das ameaças cibernéticas, o domínio da criptografia tornou-se indispensável para todos os que interagem com tecnologias digitais, especialmente em aplicações de ciência informática.
A criptografia é a disciplina e a prática que asseguram comunicações seguras entre partes, através da transformação da informação em formatos que impedem o acesso de terceiros não autorizados. O termo deriva do grego e significa “escrita oculta”, resumindo perfeitamente a sua missão principal. Em ciência informática, a definição de criptografia abrange o estudo sistemático da criação de sistemas que permitem transmitir, receber e interpretar informação sensível, mantendo-a protegida de entidades externas.
Os elementos centrais da comunicação criptográfica são o texto simples (plaintext) e o texto cifrado (ciphertext). O texto simples corresponde à mensagem original, num idioma compreensível, que o remetente pretende transmitir. O texto cifrado, pelo contrário, resulta da transformação dessa mensagem em dados ininteligíveis para quem não dispõe do método de descodificação adequado. Por exemplo, a mensagem “Amo-te” pode ser convertida na sequência numérica “0912152205251521”, em que cada par de dígitos representa a posição de uma letra no alfabeto. A conversão de texto simples em texto cifrado denomina-se cifragem (encryption), enquanto o processo inverso — de texto cifrado para mensagem original — chama-se decifragem (decryption).
Apesar de a criptografia moderna estar associada a algoritmos computacionais avançados e à cibersegurança, as suas raízes remontam a milhares de anos. Civilizações antigas já valorizavam as comunicações secretas, e algumas tumbas egípcias contêm hieróglifos invulgares que podem ser vistos como tentativas embrionárias de cifragem.
Um dos métodos históricos mais marcantes foi criado por Júlio César — a cifra de César. Esta cifra de substituição consistia em deslocar cada letra do alfabeto três posições, criando um código simples, mas eficaz, para comunicações militares. O princípio da substituição de caracteres tornou-se uma pedra angular da teoria criptográfica e mantém atualidade na criptografia informática.
No Renascimento, as técnicas de cifragem tornaram-se mais elaboradas. Nos anos 1500, durante o cativeiro de Maria Stuart, o seu aliado Anthony Babington concebeu um sistema de cifras complexo, com 23 símbolos para letras específicas, 25 para palavras completas e elementos sem significado destinados a confundir interceptores. Ainda assim, esta complexidade revelou-se insuficiente: os criptoanalistas de Sir Francis Walsingham decifraram as mensagens, expuseram a conspiração contra Isabel I e precipitaram a execução de Maria em 1587.
No século XX, a criptografia evoluiu para a era mecânica e, depois, digital. A máquina Enigma da Alemanha nazi representou um salto tecnológico, usando vários rotores para cifrar mensagens e mudando a configuração regularmente durante a II Guerra Mundial. O código, considerado inquebrável, foi finalmente decifrado pelo matemático britânico Alan Turing, cuja máquina Bombe permitiu ler as comunicações Enigma, desempenhando um papel vital na vitória Aliada.
Após a guerra, a criptografia passou a centrar-se na proteção de informação digital. A IBM introduziu o Data Encryption Standard (DES) em 1977, em parceria com a NSA, estabelecendo o primeiro protocolo de cifragem informática amplamente adotado. Com o aumento do poder computacional, o DES tornou-se vulnerável a ataques de força bruta, originando o desenvolvimento do Advanced Encryption Standard (AES), que é hoje a referência máxima na proteção de dados em computação.
O conceito de chave criptográfica é central em qualquer sistema de cifragem e constitui uma componente crítica da definição de criptografia em ciência informática. A chave é o instrumento que permite às partes autorizadas cifrar texto simples em texto cifrado e descodificar este último de volta à informação original. Historicamente, as chaves eram apenas regras de substituição ou mapas de símbolos para codificar mensagens. Assim, conhecer o valor de cada símbolo nas cartas de Babington equivalia a deter a chave.
Na criptografia digital, as chaves evoluíram para sequências alfanuméricas complexas que funcionam em conjunto com algoritmos avançados. Estas chaves digitais são parâmetros matemáticos que, quando aplicados nos algoritmos de cifragem, asseguram que apenas quem possui a chave correta pode aceder à informação original. O grau de segurança dos dados cifrados depende diretamente da robustez e do comprimento destas chaves, tornando a sua gestão uma prioridade em práticas de segurança informática.
Os sistemas criptográficos atuais recorrem a chaves segundo duas metodologias distintas, cada uma com as suas particularidades e aplicações em ciência informática.
A criptografia de chave simétrica é o método tradicional, utilizando uma única chave partilhada para cifrar e decifrar dados. Todas as partes envolvidas têm de deter uma cópia idêntica da chave, que deve ser trocada de forma segura antes do início da comunicação cifrada. O Advanced Encryption Standard (AES) é um exemplo de cifragem simétrica, dividindo dados em blocos de 128 bits e usando chaves de 128, 192 ou 256 bits para proteção. Apesar da eficiência e rapidez da cifragem simétrica, o desafio logístico de distribuir as chaves em segurança é significativo em contextos informáticos.
A criptografia de chave assimétrica, surgida nos anos 70, revolucionou a comunicação segura ao introduzir um sistema de duas chaves matematicamente relacionadas, mas distintas: uma pública e uma privada. A chave pública pode ser partilhada livremente e serve para receber dados cifrados; a chave privada é confidencial, permitindo ao titular descodificar mensagens e assinar comunicações digitais. Este modelo elegante elimina o problema da distribuição de chaves típico dos sistemas simétricos e é hoje basilar na criptografia informática.
No universo das criptomoedas, a aplicação da criptografia assimétrica é evidente. As moedas digitais recorrem a criptografia de curva elíptica para proteger transações em redes blockchain. Os utilizadores mantêm carteiras de autocustódia com chaves públicas (para receber fundos) e chaves privadas (para autorizar operações), possibilitando transferências peer-to-peer sem intermediários. Este modelo garante que só os titulares das chaves privadas controlam os seus ativos digitais.
A criptografia está presente em quase todos os domínios da vida digital, constituindo a base de segurança das atividades online modernas. Quando os utilizadores inserem dados de cartão de crédito em plataformas de comércio eletrónico ou acedem a contas de email, os protocolos criptográficos protegem silenciosamente a informação sensível contra acessos não autorizados. Estas medidas são tão integradas no funcionamento da internet que raramente se pensa na matemática complexa subjacente — fundamentada nos princípios da criptografia informática.
O surgimento das criptomoedas é provavelmente o exemplo mais disruptivo da aplicação de princípios criptográficos, revolucionando o sistema financeiro. As moedas digitais demonstraram que a cifragem assimétrica permite criar moeda digital segura e descentralizada, sem necessidade de autoridades centrais. O uso de chaves públicas e privadas oferece aos utilizadores total controlo sobre os seus fundos, eliminando a dependência de bancos ou supervisão governamental.
A tecnologia blockchain ampliou o alcance das criptomoedas, introduzindo contratos inteligentes — acordos programáveis que se executam automaticamente quando determinadas condições são satisfeitas. Estes contratos autoexecutáveis utilizam a segurança criptográfica em redes descentralizadas, podendo superar as aplicações centralizadas em termos de fiabilidade. As aplicações descentralizadas (dApps) exigem que os utilizadores autentiquem através de carteiras cripto, dispensando o tradicional par utilizador-palavra-passe e reduzindo a exposição de dados pessoais online.
Este modelo de autenticação por carteira representa uma verdadeira mudança na gestão da identidade digital. Em vez de contas baseadas em email, palavra-passe e dados pessoais, o utilizador apenas liga a sua carteira cripto e assina operações com a chave privada ao interagir com dApps. Esta abordagem limita a recolha de dados, melhora a privacidade e reduz as hipóteses de ataques maliciosos para roubo de informação pessoal — um exemplo concreto dos princípios da criptografia em ciência informática.
A criptografia evoluiu de técnicas ancestrais de cifra para se tornar a tecnologia central da comunicação digital segura e da inovação financeira contemporânea. O percurso desde a cifra de César até aos sistemas sofisticados baseados em blockchain ilustra a necessidade constante da humanidade por comunicações seguras. Compreender a criptografia em contexto de ciência informática é hoje indispensável para todos os que trabalham com tecnologia digital.
Atualmente, a criptografia protege desde transações bancárias online a redes de criptomoedas descentralizadas, atuando como guardião invisível da privacidade e segurança digitais. À medida que as ameaças cibernéticas evoluem e a tecnologia digital se torna parte integrante da vida diária, o papel da criptografia reforça-se em todas as áreas da ciência informática. O desenvolvimento da cifragem assimétrica e a sua implementação na blockchain abriram novas possibilidades para sistemas descentralizados e seguros, reduzindo a dependência de entidades centralizadas e reforçando a privacidade dos utilizadores.
O domínio da criptografia deixou de ser facultativo para quem pretende navegar o mundo digital com segurança — tornou-se um elemento essencial da literacia digital e da formação em ciência informática no contexto europeu. Seja na proteção de comunicações pessoais, transações financeiras ou na facilitação de aplicações descentralizadas, a criptografia mantém-se como a tecnologia basilar da segurança digital moderna.
A criptografia é a ciência de proteger informação, convertendo-a num código secreto que a torna ilegível para terceiros não autorizados. Funciona como uma linguagem secreta que apenas os destinatários pretendidos conseguem decifrar.
Os quatro princípios da criptografia são: confidencialidade, integridade, autenticação e não repúdio. Estes princípios asseguram a proteção e a comunicação seguras dos dados.
Os dois principais tipos de criptografia são a de chave simétrica e a de chave assimétrica. A simétrica utiliza uma única chave partilhada, enquanto a assimétrica recorre a um par de chaves — uma pública e outra privada.
A criptologia é o estudo de códigos secretos e das técnicas para proteger informação. Inclui tanto a cifragem como a decifragem de mensagens, garantindo comunicações seguras.











