Esta reunião sobre taxas de juro, por mais que se olhe, parece um espetáculo de mudança de máscaras cuidadosamente encenado. Não te apresses a investir para apanhar o fundo, como alguém que já testemunhou três ciclos de mercado e ainda tem cicatrizes das quedas do ano passado, sinto-me na obrigação de rasgar este véu—caso contrário, na próxima semana o vermelho na tua conta pode ser ainda mais impressionante do que as expressões dos funcionários da Reserva Federal.
Eis o ponto de viragem mais surreal: aqueles decisores que normalmente não se cansam de falar em “resiliência económica”, desta vez aprovaram por unanimidade um corte de 25 pontos base. Ainda mais surpreendente foi a mudança na linguagem—se antes ainda diziam com cortesia que “o mercado de trabalho mantém-se equilibrado”, agora passaram diretamente para “o crescimento do emprego está a abrandar”. Isto é como se um personal trainer dissesse de repente que precisa de fazer dieta—não é conversa fiada, é mesmo porque já não aguenta mais.
Mas há aqui uma lógica que não bate certo: por um lado dizem que querem aliviar o mercado com um corte nas taxas, mas logo a seguir sublinham que “a pressão inflacionista ainda não desapareceu”. Em bom rigor, isto é como usar um edredão no pico do verão—querem aquecer mas têm medo de apanhar uma insolação. No fundo, cortar taxas é despejar liquidez no mercado, mas enquanto a bomba da inflação não for desativada, é como encher de água um tacho com buracos—podes pôr água, mas o tacho está prestes a rebentar.
Ainda mais dramática é a divisão interna: os radicais defendem “um corte direto de 50 pontos base, de uma só vez”, enquanto os conservadores abanam a cabeça nervosamente a dizer “tenham calma, não se precipitem”, e o compromisso final foi “continuar a cortar ao longo do ano, mas com controlo no ritmo”. Esta cena faz lembrar um grupo de amigos a dividir o pedido do jantar: há quem queira lagosta e sashimi, outros só querem uma canja e arroz, e no fim para não desagradar a ninguém acabam por pedir frango estufado—
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YieldWhisperer
· 11-22 19:34
na, a matemática não bate aqui... estás a dizer-me que cortaram 25bps enquanto a inflação ainda anda à espreita? isso é o típico padrão de espiral da morte que já vi centenas de vezes. faz-me lembrar 2021, mesmo antes de tudo implodir. uma dança de políticas fundamentalmente falhada, se me perguntas.
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FOMOrektGuy
· 11-22 18:50
Outra vez com o mesmo truque, é mesmo ridículo. Já percebi isto no ano passado, e agora ainda querem enganar-me para comprar no fundo? Nem pensar.
Dizem que vão baixar as taxas de juro, mas depois dizem que a inflação continua — isto não é uma contradição? Estão a brincar?
A metáfora do frango estufado está perfeita ahah, é que ninguém se atreve a tomar uma decisão a sério, no fim sai sempre um compromisso que não é carne nem peixe.
Vou esperar para ver, esta semana não mexo em nada.
A história vai-se repetir, é sempre assim, e acabo sempre por pagar para aprender.
Mas falando nisso, se realmente voltarem a baixar as taxas este ano... então ainda pode haver uma oportunidade, não?
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MainnetDelayedAgain
· 11-22 18:42
Segundo a base de dados, a operação da Reserva Federal (FED) desta vez já passou X meses desde a última promessa de "estabilizar a inflação", e sugiro que seja incluída no Guinness.
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Frango estufado? Olha, isso é como a versão financeira do "aviso de prorrogação número n", o que a equipa do projeto desenhou já fermentou e ficou azedo.
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A coexistência de cortes de taxa de juro + inflação é como alguns projetos que vemos "lançando na rede principal" — é só esperar a flor brotar, afinal, a arte do tempo é assim tão mística.
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Uma proposta de compromisso de 25 pontos de base, não soa parecido com "prorrogação mas garantia de lançamento no próximo mês"?
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A velocidade com que esses decisores mudam de opinião é mais rápida do que a equipa do projeto altera o White Paper, fiquem à vontade para complementar os dados.
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FloorSweeper
· 11-22 18:42
Frango guisado... Mais uma vez esta táctica de compromisso, no fim ninguém fica satisfeito e ninguém há de ficar contente.
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defi_detective
· 11-22 18:39
O frango amarelo é realmente incrível, é aquele tipo de sensação em que ninguém consegue ficar satisfeito... De manhã e à noite tem que se repetir.
Esta reunião sobre taxas de juro, por mais que se olhe, parece um espetáculo de mudança de máscaras cuidadosamente encenado. Não te apresses a investir para apanhar o fundo, como alguém que já testemunhou três ciclos de mercado e ainda tem cicatrizes das quedas do ano passado, sinto-me na obrigação de rasgar este véu—caso contrário, na próxima semana o vermelho na tua conta pode ser ainda mais impressionante do que as expressões dos funcionários da Reserva Federal.
Eis o ponto de viragem mais surreal: aqueles decisores que normalmente não se cansam de falar em “resiliência económica”, desta vez aprovaram por unanimidade um corte de 25 pontos base. Ainda mais surpreendente foi a mudança na linguagem—se antes ainda diziam com cortesia que “o mercado de trabalho mantém-se equilibrado”, agora passaram diretamente para “o crescimento do emprego está a abrandar”. Isto é como se um personal trainer dissesse de repente que precisa de fazer dieta—não é conversa fiada, é mesmo porque já não aguenta mais.
Mas há aqui uma lógica que não bate certo: por um lado dizem que querem aliviar o mercado com um corte nas taxas, mas logo a seguir sublinham que “a pressão inflacionista ainda não desapareceu”. Em bom rigor, isto é como usar um edredão no pico do verão—querem aquecer mas têm medo de apanhar uma insolação. No fundo, cortar taxas é despejar liquidez no mercado, mas enquanto a bomba da inflação não for desativada, é como encher de água um tacho com buracos—podes pôr água, mas o tacho está prestes a rebentar.
Ainda mais dramática é a divisão interna: os radicais defendem “um corte direto de 50 pontos base, de uma só vez”, enquanto os conservadores abanam a cabeça nervosamente a dizer “tenham calma, não se precipitem”, e o compromisso final foi “continuar a cortar ao longo do ano, mas com controlo no ritmo”. Esta cena faz lembrar um grupo de amigos a dividir o pedido do jantar: há quem queira lagosta e sashimi, outros só querem uma canja e arroz, e no fim para não desagradar a ninguém acabam por pedir frango estufado—