Depósitos globais de lítio: Como quatro nações moldam o futuro do armazenamento de energia

A corrida pelo domínio do lítio está a remodelar os mercados energéticos globais. À medida que a adoção de veículos elétricos acelera e a procura por armazenamento de energia dispara, controlar os principais depósitos de lítio tornou-se uma prioridade estratégica para nações em todo o mundo. A Benchmark Mineral Intelligence projeta que a procura por baterias de íons de lítio relacionada com EVs e sistemas de armazenamento de energia irá aumentar mais de 30 por cento ano após ano em 2025, exercendo uma pressão sem precedentes nas cadeias de abastecimento.

Com reservas globais de lítio totalizando 30 milhões de toneladas métricas em 2024 (de acordo com dados do US Geological Survey), a concentração geográfica dos depósitos revela uma realidade dura: quatro países detêm mais da metade das reservas de lítio extraível do mundo. Compreender onde estes depósitos críticos estão localizados—e quem os controla—is essencial para investidores que acompanham o setor de metais para baterias.

O Domínio do Triângulo do Lítio: A Influência Desproporcional da América do Sul

A América do Sul continua a ser o epicentro da produção global de lítio, com três nações formando o que os especialistas da indústria chamam de “Triângulo do Lítio”. Esta região alberga mais de 50 por cento das reservas planetárias de lítio, remodelando fundamentalmente a forma como o mundo irá alimentar a sua transição energética.

Posição Inigualável de Reservas do Chile

O Chile detém 9,3 milhões de toneladas métricas de depósitos de lítio, a maior concentração do mundo. A região do Salar de Atacama por si só representa aproximadamente um terço das reservas globais, tornando-se na zona de depósito de lítio mais crítica do planeta. Apesar desta abundância, o Chile ficou apenas em segundo lugar na produção de 2024, com 44.000 toneladas métricas—um paradoxo que reflete restrições legais e regulatórias.

Principais produtoras SQM e Albemarle operam estes depósitos, mas o governo chileno tem perseguido uma parcial nacionalização, direcionando a estatal Codelco a obter participações controladoras em futuras operações. Esta mudança indica como as nações com depósitos significativos de lítio estão a reafirmar o controlo sobre os seus recursos. As rondas de licitação de início de 2025 para novos contratos de operação de lítio em seis salinas atraíram sete propostas, com os vencedores anunciados em março de 2025.

Capacidade em Expansão na Argentina

A Argentina detém 4 milhões de toneladas métricas de depósitos de lítio e ocupa a quarta posição global na produção atual, extraindo 18.000 toneladas métricas por ano. A posição do país reforça-se através de planos agressivos de expansão. A Rio Tinto anunciou um investimento de US$2,5 mil milhões para aumentar a produção nas suas operações na salar Rincon de 3.000 para 60.000 toneladas métricas até 2028. Entretanto, a Argosy Minerals recebeu aprovação governamental para expandir a produção de carbonato de 2.000 para 12.000 toneladas métricas anuais.

A Argentina mantém competitividade de custos mesmo em ambientes de preços deprimidos, hospedando aproximadamente 50 projetos avançados de mineração de lítio. O compromisso do governo em 2022 de investir até US$4,2 mil milhões ao longo de três anos reforça o valor estratégico atribuído a estes depósitos de lítio.

A Alternativa de Rocha Dura: A Supremacia da Produção Australiana

O panorama dos depósitos de lítio na Austrália difere fundamentalmente do seus congéneres sul-americanos. Com reservas de 7 milhões de toneladas métricas—concentradas principalmente na Austrália Ocidental—os depósitos australianos existem como spodumene de rocha dura, em vez de salmouras de lítio.

Esta distinção geográfica revelou-se vantajosa: a Austrália tornou-se no principal produtor mundial de lítio em 2024, apesar de possuir reservas totais inferiores às do Chile. A mina de lítio Greenbushes, operada através de uma joint venture envolvendo Talison Lithium, Tianqi Lithium, IGO e Albemarle, tem produzido lítio continuamente desde 1985.

Pesquisas recentes indicam que o potencial de depósitos de lítio na Austrália vai além da Austrália Ocidental. Um estudo de 2023 da Universidade de Sydney, que mapeou a concentração de lítio nos solos australianos, identificou depósitos elevados em Queensland, Nova Gales do Sul e Victoria—sugerindo futuras oportunidades de mineração à medida que a tecnologia melhora e os preços se estabilizam.

Quedas de preços nos últimos anos levaram os produtores australianos a suspender temporariamente operações, evidenciando que a abundância de reservas por si só não garante rentabilidade. A recuperação do mercado pode desbloquear novos locais de produção nestas regiões emergentes de depósitos de lítio.

O Papel Estratégico Crescente da China

A China controla 3 milhões de toneladas métricas de depósitos de lítio documentados, mas a sua influência vai muito além desta classificação de reservas. O país produziu 41.000 toneladas métricas em 2024—um aumento de 5.300 toneladas em relação ao ano anterior—enquanto ainda importa quantidades substanciais de lítio da Austrália.

Os depósitos de lítio na China incluem tipos mistos: as salmouras predominam, mas também existem reservas de spodumene e lepidolita de rocha dura. Contudo, a verdadeira vantagem da China reside na cadeia de processamento. O país alberga aproximadamente 70 por cento da capacidade global de processamento de lítio e fabrica a maioria das baterias de íons de lítio do mundo.

Recentemente, a mídia chinesa relatou uma expansão significativa dos depósitos domésticos de lítio. Alegam que os recursos nacionais agora representam 16,5 por cento do fornecimento global, contra 6 por cento anteriormente. Uma nova faixa de lítio de 2.800 km, descoberta na região oeste, supostamente contém reservas comprovadas superiores a 6,5 milhões de toneladas de minério de lítio, com recursos potenciais superiores a 30 milhões de toneladas. Melhorias nas tecnologias de extração de lagos salgados e mica aumentaram ainda mais a acessibilidade às reservas.

O Departamento de Estado dos EUA acusou a China, em outubro de 2024, de usar preços predatórios para inundar mercados e eliminar concorrentes não chineses—uma tática facilitada em parte por estas reservas domésticas ampliadas, que proporcionam flexibilidade na produção.

Reservas Secundárias: Novos Atores e Distribuição Regional

Para além dos “Quatro Grandes”, permanecem depósitos substanciais de lítio subutilizados:

  • Estados Unidos: 1,8 milhões de toneladas métricas (principalmente depósitos no oeste)
  • Canadá: 1,2 milhões de toneladas métricas
  • Zimbábue: 480.000 toneladas métricas
  • Brasil: 390.000 toneladas métricas
  • Portugal: 60.000 toneladas métricas (maior concentração de depósitos na Europa)

A posição de Portugal demonstra como os depósitos de lítio europeus podem remodelar as cadeias de abastecimento. O país produziu 380 toneladas métricas em 2024, representando uma fase inicial de extração a partir de reservas relativamente modestas em comparação com os líderes globais.

O Cálculo Estratégico: Reservas Sozinhas Não Garantem Participação de Mercado

A desconexão entre o tamanho das reservas e o volume de produção revela dinâmicas críticas da indústria. A base de depósitos de 9,3 milhões de toneladas métricas do Chile gera uma produção inferior às 7 milhões de toneladas métricas da Austrália, ilustrando como os quadros regulatórios, a tecnologia de extração, o investimento de capital e a geopolítica moldam os resultados reais.

Nações que controlam vastos depósitos de lítio cada vez mais os veem como ativos estratégicos que requerem envolvimento direto do Estado. Esta tendência—visível na push de nacionalização do Chile e nos compromissos de investimento da Argentina—sinaliza que o futuro do fornecimento de lítio refletirá tanto considerações geopolíticas quanto a pura geologia.

À medida que a procura global por lítio acelera até 2025 e além, os países que hospedam os maiores depósitos ocupam posições privilegiadas. Contudo, converter vantagens geológicas em domínio de mercado exige infraestrutura, capital, tecnologia e estabilidade política—fatores que, em última análise, determinarão quais as nações que capturam valor dos seus recursos de lítio.

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